LEGADO

Exposição individual de fotografia “LEGADO: À PROCURA DA MINHA HISTÓRIA”, de Sérgio Santimano

De 10 a 24 de Outubro de 2019, na Galeria  Kulungwana, sita na Estação Central dos Caminhos de Ferro

A exposição “Legado: À procura da minha história”, de Sérgio Santimano, é resultado de um já longo percurso, iniciado em 1995, aquando da sua exposição de fotografias de viagem por Goa, Rajastham e Mumbai - no Centre For Photography As An Art-Form, Piramal Gallery/ N.C.P.A. (National Centre for Performing Arts) - intitulada Caminhos, que reiniciou a aproximação àquela cultura produzindo Índia Íntima. Com formatos diferentes, esta exposição viajou também ela entre Maputo – Associação Moçambicana de Fotografia; Lisboa – Arquivo Fotográfico – e Pangim – Fundação Oriente – nestas duas últimas intitulada Moçambique e Índia. Desde aí que mantém uma relação de proximidade reactivando relações familiares entre Goa e Mumbai e expondo com frequência.

Este projecto, apresentado agora na Associação Kulungwana, é resultado da sua longa história pessoal com a Índia, Moçambique e Suécia onde reside presentemente, iniciou-o em 2018 em Goa.

Com descendência indiana por parte do pai, influência portuguesa, nacionalidade da mãe, a sua moçambicanidade de raíz, constituíu família na Suécia onde reside desde a sua saída de Moçambique, assumindo assim uma identidade quadrangular que não deixa de influenciar o seu olhar fotográfico, tornando-o um viajante interessado nas sociedades resultantes de migrações e multiculturais, num esforço inclusivo do Outro e do estranho.

É desta forma de olhar que Sérgio pretende captar o "legado" da Índia, destacando as principais contribuições estéticas e éticas deste país para o resto do mundo, nomeadamente através de Mahatma Gandhi, Satyajit Ray, Rabindranath Tagore (primeiro prémio Nobel não-europeu), Ravi Shankar e, obviamente, Raghubir Singh, que nos inspiram a todos nós com os ideais de não-violência, de paz, humanidade e espiritualismo, contribuindo significativamente para a história do mundo. Acreditamos que o trajecto, tanto pessoal como profissional, do artista resulta num projecto que constitui não só um exemplo da multiculturalidade, como concorre para o conhecimento intercultural no espaço cultural global.

 

Sérgio Santimano nasceu em Moçambique em 1956, oriundo de famílias goesas.  Viveu em Goa, em Colvá,aaldeia do pai, durante 1960/61.

A sua carreira fotográfica foi centrada no país de origem, Moçambique, a partir de 1979 e durante a guerra civil até 1988, onde se mudou então para a Suécia, onde trabalhou e estudou fotografia documental e fotojornalismo.

Depois do fim da guerra civil em Moçambique em 1992, começa a trabalhar como freelancer, documentando as consequências da guerra e a reconstrução do País. Desde 1997, Santimano trabalhou no norte de Moçambique, de que resultaram várias séries de trabalhos como “Cabo Delgado- Uma história fotográfica de África” e “Terra incógnita”, sobre a província do Niassa.

O percurso de Sérgio Santimano inscreve-se na tradição do fotojornalismo com um compromisso social. Ricardo Rangel e Kok Nam, são as suas referências no início de carreira quando produziu e publicou trabalhos relevantes para a imprensa nacional e internacional sobre a guerra, a fome e assuntos políticos para a Agência Moçambicana de Informação (AIM).

A curadoria da exposição é de Filipe Branquinho.