2015

Sementes D'Alma, exposição individual do artista plástico Ídasse, inaugura a 10 de Setembro, às 18 horas na Galeria Sala de Espera da Associação Kulungwana.
Esta mostra integra um conjunto de 17 obras de desenho, pintura e escultura, trabalhadas em diversos materiais e suportes e tem a curadoria de Ciro Pereira.
Dando relevo ao trabalho de grafite s/ papel, este conjunto inclui, também, algumas peças noutras técnicas, apontamentos que dão imagem da diversificada e já vasta Obra do artista.
O catálogo editado contém, para além de reproduções de Obras desta exposição e de dados biográficos do autor, textos de António Cabrita, Calane da Silva e Marcelo Panguana, dos quais destacamos alguns excertos:
No caso de Ídasse, o artista parece, na espantosa capacidade expressiva que o caracteriza, querer iluminar as formas de um bestiário de seres incatalogáveis e certamente sobrenaturalizados, como se procedesse a uma frottage espiritual a partir dos totens dos deuses.
António Cabrita
(…) ao enveredar igualmente pela escultura, modelando com qualidade singular a madeira, o ferro ou o barro, às vezes todos estes elementos numa só obra. Mas esta é, outrossim, uma pequena janela-montra indicadora da grande exposição-vida que se prepara para 2016.
Calane da Silva
Ídasse ressurge agora do silêncio, do afastamento altivo que o manteve longe das luzes da ribalta. Reaparece indiscutivelmente maduro. Mais surpreendente, mágico, inovador, sedutor, um visionário dos nossos tempos.
Marcelo Panguana
A exposição estará patente até 10 de Outubro do presente ano.
Notas biográficas
Ídasse Ekson Malendza, nasceu no Vale do Infulene, em Maputo, em 1955. É um dos cultores da estética no caminho da identidade das artes Plásticas de Moçambique. Pratica Desenho, Pintura, Cerâmica e Escultura. Também tem incursões no domínio da Instalação e do Painel de grandes dimensões.
Teve como professores Manuela Sena, João Paulo e António Bronze. Em 1979 fez o Curso de Animador Cultural no Centro dos Estudos Culturais, com Malangatana e Domingos Manhiça, onde adquiriu conhecimentos de Antropologia, História da Arte Moderna e Arte Africana, Música, Fotografia, Teatro, Pintura, Cerâmica, Desenho e Xilogravura. Sob a orientação de António Quadros completou o Curso de Comunicação Gráfica.
A partir de 1982 passa a dedicar-se exclusivamente às artes visuais. Trabalha no Instituto Nacional de Cinema onde cria o departamento de Arte. Integrou o movimento artístico Charrua. É membro do Núcleo de Arte, da Associação Moçambicana de Fotografia, da Associação de Escritores Moçambicanos e do Movimento “Habitantes de Desenho”.
A obra de Ídasse encontra-se representada em várias colecções em Moçambique e em países como Nigéria, África do Sul, França, Portugal, Espanha, EUA, Itália, Dinamarca, Japão, Áustria, Suécia ou Brasil.
Ao longo da sua carreira, Ídasse participou em mais de uma centena de exposições, integrou vários júris e realizou diversas curadorias. Também participou em vários workshosps e fez várias residências em Moçambique e no estrangeiro.
Clique aqui para mais sobre o artista.

Apesar de exposições esgotadas, mostras no estrangeiro e pendurar a sua arte nas paredes do Museu de Arte Moderna de Nova York e nas casas de Elton John e Richard Branson, Chiurai continua genuíno: um observador isolado, que diz claramente a sua verdade. Não surpreende por isso que a sua única agenda futura seja regressar ao Zimbabwe para ensinar arte às crianças. Lu Larché, Mail and Guardian 2012.
Kudzanai Chiruai voltou recentemente a viver em Harare, depois de mais de uma década de ausência. Sendo o primeiro negro a receber um BFA da Universidade de Pretória, manteve um estúdio permanente em Johannesburg a partir do qual baseou a sua prática e ganhou reconhecimento visível como um dos 10 jovens artistas Africanos mais importantes. À questão que lhe foi colocada, porquê? a sua resposta foi simples: Era tempo de voltar para casa. A próxima questão é se Kudzanai, famoso por uma série de cartazes apresentando o presidente Zimbabweano como uma figura demoníaca, encontrará tolerância e espaço para trabalhar no Zimbabwe, onde uma nova constituição abafa a liberdade de expressão e onde tem ainda de ser testada pelos artistas nacionais.
Nascido no Zimbabwe pós-independente, Kudzanai Chiurai tem sido descrito como um poeta, um activista e um filósofo cultural que se empenha em questões políticas e sociais na sua multifacetada prática multimédia. Reconhecido principalmente como pintor, Chiurai trabalha com fotografia, texto, instalação de som e vídeo/filme. A fluidez com que trabalha abrange o hip-hop, a arte de rua, a cultura jovem e os graffiti. Explora temas do espaço urbano, com a experiência psicológica e física do centro da cidade de Johannesburg, onde sobrevivem exilados, refugiados e os que buscam asilo. Os seus temas versam as grandes questões contemporâneas da xenofobia e deslocação, bem como a natureza política construída dos Estados Africanos e o desempenho dos líderes, usando personagens estereotipadas como se fossem narrativas de novela.
Esta diversidade de meios e expressões reflecte como o envolvimento de Chiruai com a experiência urbana Africana é uma temática integrada e uma resposta estética ao tecido social urbano que está a ser recriado na sua contemporaneidade, moldando novas sociedades em velhos cenários. A sua imagística é a de uma África distópica, definida por conflitos onde a Utopia era a promessa do estado pós democrático, pós colonial. Questionando o poder e os seus significados no Continente Africano contemporâneo, Kudzanai sugere "Você não pode fugir à política, tudo é política no sentido de como somos socializados."
A África de Chiurai, tanto na ficção como na realidade, reflectiu-se no seu trabalho que é intrigante porque é enigmático. Usa imagens que são de imediato reconhecíveis de zonas de conflito até todos os detritos da vida de rua urbana, tornando-os ícones contemporâneos e artefactos e o uso de tecidos como motivos de identidade. É num sentido um teatro do absurdo e noutro uma reflexão sobre a história pós-colonial de África.
Da sua série Revelações aqui mostrada na Galeria Kulungwana, Kudzanai revela:
A parte principal das minhas fotografias, Revelações, começou em 2011, explorando a forma como África é imaginada e compreendida no Ocidente, bem como questionando a condição da África contemporânea, através da justaposição do passado e do presente de um continente constantemente dominado por violentas guerras civis. Estes ambientes construídos são atraentes e sedutores mas exploram acidentes muito reais da independência e democracia em África e os efeitos da globalização sobre a guerra.
Chiurai foi comissariado para a dOCUMENTA (13) em 2102 e a Art Basel e a Bienal de Dakar no mesmo ano. Além disso ganhou o FNB Art Prize. Está representado na colecção do MOMA de Nova York, da BHP Billiton, Londres, na Colecção de Arte Africana Contemporânea Jean Pigozzi, na Galeria Nacional Iziko na Cidade do Cabo, na Zeitz MOCAA, Cidade do Cabo e de muitos coleccionadores privados proeminentes. Em 2015 foi apresentado pelo Pavilhão de Johannesburg na 56ª Bienal de Veneza. A sua exposição, mostrando a instalação fotográfica Revelações e o trabalho em vídeo Moyo, é a primeira de Kudzanai Chiruai em Moçambique, apresentada no âmbito de programa de intercâmbio cultural da Associação Kulungwana.
Para leitura posterior
artthrob.co.za/Artbio/Kudzanai_Chiurai_by_Anna_Stielau.aspx